O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, participou neste sábado (8), em São Paulo (SP), da Climate Action Innovation Zone, evento que antecede sua viagem para Belém (PA), onde será um dos grandes nomes da COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que ocorre pela primeira vez na Amazônia, no Parque da Cidade.
Reconhecido mundialmente por sua trajetória em defesa do meio ambiente e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007, Al Gore participou do encontro promovido por sua organização, The Climate Reality Project, entidade que há anos desenvolve formações e campanhas de conscientização ambiental em várias regiões do planeta — incluindo o Pará e outras áreas da Amazônia.
Durante sua participação, Al Gore destacou a importância da floresta amazônica para o equilíbrio climático global e reforçou o apoio à realização da COP30 em território amazônico, afirmando que o evento marca um novo capítulo na história do debate climático mundial. “O mundo precisa ouvir a voz da floresta e de seus povos”, declarou o ambientalista.
Transição energética e oportunidades econômicas
Em seu discurso, o ex-vice-presidente dos EUA afirmou que o investimento em energias renováveis representa a maior oportunidade econômica da história da humanidade.
“Em 2015, cerca de 55% dos investimentos globais em energia eram destinados a combustíveis fósseis, enquanto a energia limpa recebia 45%. No ano passado, essa proporção se inverteu: 65% foram para renováveis. Em poucas palavras, é a maior e melhor oportunidade de crescimento econômico em toda a história da humanidade, justamente quando mais precisamos criar empregos”, afirmou.
Al Gore defendeu que a transição energética é irreversível, mesmo diante de resistências políticas, e destacou que o Acordo de Paris teve impacto positivo, ainda que insuficiente. Segundo ele, se o mundo adotar as soluções já disponíveis, a economia global poderá ganhar US$ 43 trilhões em vez de perder US$ 178 trilhões com os impactos das mudanças climáticas.
Crise climática e alertas ao Brasil
Durante o evento, Gore mencionou ter recebido alertas de tempestades em São Paulo e lamentou os recentes desastres climáticos no Brasil.
“O Brasil tem estado frequentemente na linha de frente desses impactos horríveis. O ano de 2024 foi o mais quente da história do país. Nos anos 1960, havia sete dias de ondas de calor por ano; agora são 52 — um aumento de sete vezes. Falo das enchentes no Rio Grande do Sul, dos deslizamentos em Petrópolis e da pior seca já registrada na Amazônia”, observou.
Ele ressaltou que cada fração de aquecimento global evitada é importante, pois os pontos de não retorno podem trazer consequências irreversíveis.
“Alguns dizem que devemos apenas nos adaptar, mas isso significaria sacrificar milhões de vidas. Precisamos de mitigação e adaptação, porque este não é um planeta de sacrifício”, alertou.
Mensagem de esperança
Encerrando sua fala, Al Gore lembrou uma lição de juventude que carrega até hoje:
“Um mentor me dizia que todos enfrentamos a mesma escolha na vida — entre o caminho difícil e o erro fácil. Como civilização, estamos diante dessa mesma decisão. O erro fácil é continuar usando o céu como um lixão. O caminho difícil, mas correto, é fazer uma transição rápida para longe dos combustíveis fósseis.”
Para Gore, a vontade política é também um recurso renovável.
“Temos as tecnologias e os modelos. O que precisamos é de vontade política — e vontade política é um recurso renovável”, concluiu, sob aplausos.
Com sua presença, Al Gore reforça o peso político e simbólico da COP30, colocando a Amazônia no centro das discussões sobre o futuro do planeta.
Texto: Carlos Magno
Jornalista – DRT/PA 2627
Foto: Gladestone Campos
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